Poderia iniciar este texto de diversas formas, falando, por exemplo, sobre a importância de trabalhar de forma mais continua com as artes na escola, ou sobre o benefício pessoal que o estudo e prática da interpretação podem trazer aos indivíduos. Mas decidi, partir justamente dos meus sentidos, isso mesmo, do que eu senti no dia 11/07/2013. Participando de um evento que se tratava de educação em tempo integral e sobre a importância do pensamento de Anísio Teixeira no que diz respeito a este tema, com fome e já passava do meio dia.
Era um auditório com cerca de trezentos professores e uma senhora muito simpática está fazendo a conclusão de sua fala. Neste momento eu penso: “Em fim, vou pra casa almoçar”. De repente olho para trás e vejo apostos, um grupo de adolescentes, todos conhecidos, devidamente maquiados e de figurino entrando tocando alguns instrumentos. Assim como todos os presentes, já me preparava pra sair, mas hesitamos uma vez que o corredor de saída era o mesmo o qual este grupo percorria no momento. Eu já sabia de quem e do que se tratava aquela apresentação, e fiquei feliz em poder presenciar uma apresentação de um grupo de Teatro que eu vi nascer, em uma escola que deu as devidas oportunidades para quem quisesse fazer de fato algo de diferente, mas ao mesmo tempo eu não tinha a mínima ideia de que sentiria o que senti. O Grupo De Teatro Daki do Palco e CIA, transformou o espaço lotado de professores e professoras em uma sala de aula, e o tema foi arte, trouxeram cenas de três clássicos do teatro mundial e Brasileiro. Em uma colagem, rica em criatividade, utilizaram para introduzir às cenas, da poesia de Fernando Anitelli, do improviso clownesco e da simpatia e prazer dos atores.
Foram apresentadas: Uma cena do espetáculo de William Shakespeare Ricardo III, onde a personagem que dá nome ao espetáculo tenta dissimuladamente a conquista da cunhada cujo marido foi assassinado por ele mesmo. Me arrepiei com a intepretação da dupla e percebi que a reação do público não foi diferente. A segunda cena, também em homenagem a Shakespeare foi a famosa cena do Balcão, de Romeu e Julieta. Onde Romeu enfrenta o ódio da família rival e invade a janela do quarto da sua amada. O surgimento da atriz que interpretava a heroína em um plano mais elevado (palco), surpreendeu a todos e emocionou uma senhora que estava sentada em minha frente. Por último surgiram Chicó, João Grilo e o padre na famosa cena do benzimento do cachorro do Major Antônio Morais. A dupla foi interpretada por duas meninas, que em nada deixaram a desejar à uma possível interpretação masculina e assim risos consistentes brotaram da plateia. Contudo tive pela primeira vez em mais de dez anos de teatro em Caetité, a certeza de que as iniciativas, trabalho e divulgação desta arte tão nobre, tem surtido efeitos interessantíssimos e começou a dar bons frutos.
O grupo de teatro Daki do Palco e Cia, tornou-se por mérito da escola que abriu este espaço e pelo trabalho daqueles que estão direta ou indiretamente ligados a estes jovens artistas uma realidade, e a cidade já deve olhar para esta iniciativa como um exemplo de transformação do meio em que vivem através da arte. Estes jovens de escola pública, demonstram tranquilamente que a escola tem plenas condições de educar para além do conhecimento conteudista, basta que aja uma visão mais humanista de quem a dirige e na valorização da arte que têm passado tão distante de nossas escolas. O grupo existe a quase três anos e atualmente é dirigido pela Atriz/Palhaça Katielly de Brito. Caetité, fique de olho nestes meninos, em um momento de tantos questionamentos sobre a qualidade da arte que consumimos na dita e desdita terra da Cultura, eles me apresentaram Shakespeare e Ariano Suassuna.
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